10.11.09

Casa d praia em Paraty-Márcio Kogan







A atualização hoje vem do ArcoWeb e com méritos plausíveis a Marcio Kogan.
Duas caixas d concreto em balanço e isoladas, incrustadas na encosta. Essa é a descrição, em linhas gerais, da proposta d Marcio Kogan pra casa d veraneio em uma praia particular, em Paraty, litoral fluminense. No volume mais próximo do mar ficam o estar e os serviços; no outro estão os dormitórios. A casa se insere na trajetória desse arquiteto paulista, com seu universo ortogonal: independentemente do programa, os projetos resultam em caixas.
Essas poucas palavras simplificam ao extremo a obra de Marcio Kogan, q, lapidando suas caixas, revela uma linguagem em franca evolução. Há pouco mais d dez anos, sem abandonar as caixas, a obra d Kogan entrou em franca evolução. O primeiro passo foi trabalhar as texturas dos revestimentos q envelopam seus volumes. Assim surgem, por exemplo, as caixas d tijolos, como o Hotel Fasano, com Weinfeld, e a Casa de Tijolinho. Esse material também fazia parte do repertório d Flores, utilizado no projeto do restaurante Gero. Mas Kogan enriquece a palheta: caixas d chapas d aço, como a Casa Corten; d pedras, como a Casa do Quinta, em Bragança Paulista, SP, e a Casa Du Plessis, no condomínio Laranjeiras, também em Paraty; ou d concreto (na loja Micasa Volume B, por exemplo). Pra desespero dos críticos, o uso de materiais está perdendo o caráter puramente cenográfico. Tal como nos célebres exemplares da escola paulista, a recente casa em Paraty é inteiramente d concreto. Sem esquecer sua própria trajetória, Kogan tira partido da textura e do volume, com resultado interessante.
O segundo passo se relaciona à volumetria das caixas, q pouco a pouco ganham pureza geométrica, com leitura mais direta. Em lotes urbanos, por exemplo, Kogan passa a adotar o partido da sobreposição d blocos implantados transversalmente pra acomodar os extensos programas. Isso ocorre, por exemplo, na Casa Panamá e na Casa das Mirindibas, ambas em São Paulo. E a residência em Paraty torna-se emblemática: as duas caixas estão isoladas e sua visualização é muito clara.
O terceiro ponto na evolução do trabalho d Kogan são as aberturas q se sofisticam, deixando os óculos pra trás. Seguindo a linha d rasgos horizontais, Kogan pulou das aberturas à la Flores pras janelas corbusierianas em fita, q rompem os volumes com força, tal como no piso superior da Casa Pacaembu. A casa em Paraty, mais uma vez, entra como prova da maturidade: tal como na Casa Osler, em Brasília (q também tem a arquiteta Suzana Glogowski como coautora), as caixas na ilha fluminense perdem um dos fechamentos laterais - o q está voltado pro mar - e as aberturas transformam-se no vão do volume, o q intensifica a relação interior/exterior. Na caixa mais alta, a vedação dos dormitórios é feita com ripas irregulares d eucalipto, colocando em cena, mais uma vez, a habilidade do projetista com o uso dos materiais. Também semelhante à Osler, a espessura chanfrada busca a leveza.
Por fim, acrescente-se à trajetória da arquitetura d Kogan o caráter tectônico q, com vagar, os volumes vão ganhando, com estrutura mais clara e realista - q, d certa forma, também o aproxima dos colegas paulistas. Por isso parece irônico q, como conta Kogan, "nenhum profissional paulista consultado quis calcular a estrutura" da casa em Paraty, com balanço d 8m em volume d 27m.

(http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/marcio-kogan-residencia-paraty-09-11-2009.html)

Nenhum comentário: